Numa altura em que se fala cada vez mais da necessidade de as cidades se reinventarem e de, mesmo em zonas urbanas, se conseguir ‘ruralizar’ e rentabilizar as nossas vidas, as hortas urbanas podem ser a melhor solução para os condomínios que querem garantir uma pegada verde. Para saber mais sobre o assunto, o Notícias do Condomínio falou com Leonor Babo, brand manager e cofundadora da Noocity.
O que é que se pode entender por horta urbana?
Uma horta urbana pode ser um espaço cultivado em plena cidade, com hortícolas, frutos, ervas aromáticas ou flores comestíveis. Esta pode ter várias formas e feitios, podendo ser plantada diretamente no chão em espaços não impermeabilizados, constituída por canteiros ou camas de cultivo instaladas tanto no solo como em varandas ou telhados e pode, até, subir às paredes e ser constituída por uma solução de cultivo vertical. Cada uma delas tem as suas características, benefícios e limitações. Dificilmente se cultiva beterrabas, cenouras ou tomateiros numa horta vertical. Cultivar diretamente no solo exige uma atenção redobrada aos fatores de contaminação e, optando por canteiros ou camas de cultivo, há que garantir o acesso das plantas à água, a drenagem e a gestão das águas das chuvas.
Como é que se pode implementar, de forma eficaz, uma horta num condomínio?
A grande questão no que toca às hortas nos condomínios prende-se com a manutenção. Por ser um espaço partilhado, pela dimensão e pelo investimento a longo prazo, a principal garantia que uma horta num condomínio deve dar é a sua autossuficiência e eficácia. Uma horta que exija rega diária, que não faça a gestão das águas pluviais (reaproveitando ou drenando os excessos) e que mantenha as condições necessárias para um saudável e constante crescimento das plantas não deve ser uma opção.
Outro ponto fundamental é o envolvimento dos moradores, já que uma horta num condomínio não é só um investimento do ponto de vista da sustentabilidade ou eficiência energética do edifício, mas é também um investimento no bem-estar e convívio dos seus habitantes. Por isso, um serviço de manutenção periódica que envolva os moradores em atividades lúdicas ou pedagógicas cria o elo necessário para uma ligação emocional com o lugar que habitamos.
Quais são os maiores cuidados que se deve ter com as hortas urbanas?
Algumas das questões foram referidas no ponto acima. Uma horta é um espaço vivo e, por isso, exige que sejam criadas as condições que propiciem esse estado. Por outro lado, existem algumas questões técnicas a ter em conta também, no que diz respeito aos materiais e à implementação. Muitas vezes, as superfícies verdes instaladas diretamente sobre a zona escolhida trazem problemas de infiltrações, apodrecimento das raízes e não propiciam a altura de solo necessária para o cultivo da maioria dos vegetais. Optar por camas de cultivo é uma forma de evitar esses problemas e de proporcionar maior organização, controlo e até uma melhor distribuição das áreas cultivadas. No entanto, há que ter em atenção os materiais escolhidos. As estruturas de madeira apodrecem com o tempo e as soluções de cimento ou plástico tendem a partir e a limitar a gestão e aproveitamento das águas pluviais.
Que dicas pode dar a quem quer começar uma horta em sua casa?
A principal dica é não ter medo de errar! A Agricultura é, mais do que uma técnica, uma experiência. O contacto com o meio e com a Natureza propicia uma série de comportamentos benéficos para o ser humano, sobretudo para quem está tão afastado dele como o cidadão urbano. Não há nada como ver crescer as nossas próprias alfaces, plantar morangos com os mais pequenos ou “enfiar” as mãos na terra depois de um dia stressante no trabalho. Tudo isto, sabendo que o impacto destas ações é, não só, positivo para o planeta como para na nossa saúde e bem-estar.
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